Registros antigos apontam que a devoção a São Félix de Cantalice remonta às origens de Camocim. No Livro de Tombo Nº1 da Paróquia de São Félix de Cantalice, observa-se que Clementino Semente, proprietário da fazenda onde seria no futuro localizada a cidade de Camocim, deciciu oferecer assitência cristã e catequese. Com esse pensamento, patrocinou a realização de missões com frades capuchinhos que incentivaram a construção de uma capela.
” O certo é que em dias de janeiro de 1885 dois missionários capuchinhos, a frente o Frei Venacio, do Convento da Penha no Recife, embarcaram na Estação de Cinco Pontas com destino a cidade de Palmares de onde atravessaram a cavalo, setenta quilômetros até a Fazenda Camocim do esforçado agricultor, agora radiante pela vitória alcançada. No dia 28 de janeiro de 1885 celebrou-se pela primeira vez o Santo Sacrifício da Missa” (Livro de Tombo Nº 001 – 1940 / Paróquia São Félix de Cantalice)
A capela, então seria dedicada ao confrade dos frades capuchinhos, São Félix de Cantalice, que passou a ser cultuado como protetor da comunidade nascente:
Houve muita frente espiritual, tendo havido igualmente uma grande concorrência de gente que instigada pelos missionários resolveram construir uma capela que logo os Padres Capuchinhos alvitaram fosse dedicada a seu irmão de hábito São Félix de Cantalice. Esta igreja foi construída ao lado da Matriz atual, onde era até bem pouco localizado o Cemitério Público de Camocim.(Livro de Tombo Nº 001 – 1940 / Paróquia São Félix de Cantalice)
O Santuário Católico indica a festividade de São Félix de Cantalice no dia 18 de maio. No entanto, desde os inícios, se convencionou a realização da festa em janeiro. Os pioneiros apontam dificuldades relacionadas com o rigoroso regime de chuvas e excessivo frio de maio – a lama das ruas sem calçamento e as rajadas de vento geladas não permitiam bem celebrar o padroeiro.
De acordo com o Documento Oficial que Decretou a criação da Paróquia de São Félix de Cantalice, em 06 de junho de 1940, a Festa de São Félix de Cantalice seria celebrada todos os anos:
…”e mandamos que a Festa de São Félix, patrono da nova parochia, seja celebrada todos os anos, de acordo com as prescrições liturgicamente no dia próprio, com devoção e religioso esplendor.” (Livro de Tombo Nº 001/1940 – Paróquia de São Félix de Cantalice)
Em 1940 e anos seguintes já demonstram o interesse na população da então Vila do Camocim em celebrar anualmente o padroeiro, mesclando toda uma programação religiosa com aspectos de entretenimento e cultural:
“A principal rua foi tomada por barracas diversas, muitas de bom gosto. Carrosséis e outras diversões populares também foram observadas”. (Livro de Tombo Nº 001/1940 – Paróquia de São Félix de Cantalice)
Com o passar do tempo, foram inseridas na programação cultural bailes, apresentações de expressões culturais locais, pastoris, rodas de mazurca. Nas décadas de 80 e 90 do século passado foram inseridos shows em praça pública.
Uma das tradições mais louvadas e esperadas até meados das década de 90 era a iluminação da Matriz de São Félix. Artesanalmente montada, desafiava a pouca tecnologia da época compondo efeitos impressionantes e que chamava atenção ao longe. Pouco a pouco a iluminação foi sendo substituída por refletores e perdeu a caracterização de outros tempos. Em 2019, foi iniciado um processo de resgate da tradição que deve ter ampliação nas comemorações dos 80 anos da festa em 2020. Outro ponto importante era a Santa Missa Campal, nos anos 90 celebrada em trios elétricos em frente da Igreja Matriz após a procissão com a imagem do Santo Padroeiro.
ALTERAÇÃO DO LOCAL DOS FESTEJOS EXTERNOS
Até o ano de 2005, as apresentações culturais e shows eram realizados na Praça São Félix, em frente ou lateral da Matriz. A Avenida Siqueira Campos se transformava na apoteose, com várias barracas com comidas, a exemplo da maçã caramelada, uvas, passas, cachorros-quentes sem falar nos jogos de azar, com destaque para roletas, laças-laças, bingos, entre outros. Os parques faziam a alegria de crianças e adultos, com atrações como carrossel, roda gigante, polvo, carrinhos, bate-bate. As festividades não ficaram imunes à febre dos “trios elétricos” e grandes “caminhões de som” eram estacionados no centro da cidade, onde bandas levavam uma multidão a dançar.
Em 2006, a prefeitura decide transferir as festividades externas para a Avenida Coronel João Bezerra, conhecida como “Rua de Bonito”. A mudança provocou impacto, despertando desconfiança e protestos. Com o passar dos anos, a melhor disposição da organização estrutural e investimentos em atrações de grande porte adequaram a festa à realidade dos dias atuais e a conferiram características dos grandes eventos.
A Festa de São Félix é a festividade das famílias. Filhos ausentes (que moram inclusive em outros Estados) retornam para a cidade. A Programação Religiosa, coordenada pelos Frades Carmelitas, traz a procissão da Bandeira, Novenário, procissão dos motoristas, celebrações solenes, shows religiosos e a grande procissão com o andor do Padroeiro – a maior manifestação de fé. Por onde a procissão passa, o respeito e emoção toma conta dos que estão a observar ou acompanhar a procissão.
A grade cultural, oferecida pela Prefeitura do Município, contempla apresentações culturais e artísticas, instalação de parque de diversões e shows com atrações locais, regionais e nacionais.