No sítio Mondé dos Cabrais, comunidade quilombola a 125 quilômetros de Recife, Jaime Tiago dos Santos pega o pilão que acompanha a família há 120 anos. No terreiro, ergue a pesada mão do pilão para pisar o milho e café que serão utilizados em comes e bebes servidos durante as festas juninas aos participantes da Mazurca. ‘Mazuca’, corrige ele, afirmando que a dança foi criação da mente do meu pai, Tiago José dos Santos. “Sem professor de nenhum tipo e qualidade”. (*)
Fontes apontam para o surgimento da Mazurca em território camocimfelicense ainda no processo de colonização do Agreste. Escravos negros que fugiam dos engenhos de cana-de-açúcar da Zona da Mata se uniam às comunidades indígenas habitavam a área geográfica que compreende o município de Camocim de São Félix atualmente para resistir à atividade colonizadora. Essa “parceria”, resultou numa mescla de tradições. Vale salientar que a mão-de-obra escrava era utilizada na nascente Camocimtuba por fazendeiros que cultivavam o café e cana-de-açúcar.
A dança é uma variante do coco – canção que escravos negros e índios cantavam ao descascar o fruto. A marcação mescla o som do pandeiro, pisadas e palmas.
Enquanto um puxa o mote, o outro responde e a roda faz o coro. Nos intervalos, um sanfoneiro toca o fole de maneira que o forró não fique de fora da brincadeira”. (**)
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(*)(**)OLIVEIRA, Paulo. Pilão. Revista Globo Rural. Edição Digital. Disponível em: http://www.revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1208223-4856-3,00.html. Acesso em 01 de julho 2017.